“Fique em casa” foi a expressão que mais se ouviu desde o início da pandemia de Covid-19, em março de 2020 em Portugal.
No entanto, houve um sem número de pessoas que não puderam “ficar em casa”, e continuavam a fazer o seu trabalho. O trabalho de sempre. Um trabalho até aqui muitas vezes invisível e subestimado.
Para além da comida, dos medicamentos ou da segurança, há tantas coisas essenciais que dávamos como adquiridas no nosso dia-a-dia e que nesta altura ganharam outra visibilidade.
Estas fotografias foram tiradas entre os dias 25 e 30 de março de 2020, com Portugal em Estado de Emergência para combater a pandemia de covid-19 e com estes, entre tantos outros, rostos sem máscara na linha da frente - ainda não havia stock nem recomendação para o uso de equipamentos de protecção individual.

Filipa Elvas - tripulante da TAP
“Neste momento sinto que tenho uma Missão: “Levar os passageiros para casa.”
Corro riscos? Corro. Eu tenho noção disso, tal como correm outras Profissões que têm de estar na linha da frente. É um trabalho que tem de ser feito, razão pela qual me voluntariei para trabalhar nesta fase.”

Cláudio Costa - enfermeiro INEM
“Para termos sucesso nesta missão, precisamos mesmo da ajuda de todos. Protejam-se!”

José Manuel - taxista, aeroporto de Lisboa
“Não ha é trabalho. Entramos aqui de manhã e só temos clientes à noite .. os aviões chegam com poucas pessoas. Nós estamos dispostos a trabalhar, mas não está fácil.”

Jorge Costa - Loja do Euro, Estrada de Benfica.
“Vejo gente na rua que nem devia andar aqui, toda a gente resolveu agora correr e passear o cão. Tiveram de tirar os bancos de jardim. Há muitas pessoas que ainda não perceberam a gravidade disto.”

Ricardo - mini-mercado Girassol de Benfica, na Estrada de Benfica.
“Trabalho aqui há dez anos e é para continuar!”

Clara Infante - Farmácia Marques, na Estrada de Benfica.
“Estamos cá para isso. Esperemos não ter de fechar a porta, que nenhum de nós fique infectado.”

Mariana, Eduardo, Luis e José - José Teixeira, Loja de Animais, na Estrada de Benfica.
José diz “Até deixarem é para continuar, cumprindo as regras. Até deixarem…”

Kewal Gohar - Mughal Shawarma House, na Estrada de Benfica.
“Continuo a trabalhar todo o dia, das 12h às 23h. Há pouca gente na rua mas vendo para a Uber eats por exemplo.”

José António, João Dias, Daniel Carvalho e Rodrigo - talho Super desconto gourmet, na Rua grão Vasco, Benfica.
“Neste momento precisam de nós, temos de trabalhar.”

Vitor Pinto - padaria Papo-seco, na Estrada de Benfica.
“Há certas coisas que são imprescindíveis. Felizmente que trabalho neste ramo, digo felizmente porque a minha mulher trabalha num sítio que teve de fechar e sou eu que tenho de ganhar para tudo, tenho um filho de 13 anos e temos as contas para pagar. De resto, que seja o que Deus quiser.”

Joyce Simplício - Uber Eats
“Mesmo que as coisas estejam um pouco fora do controle, o mundo não pode parar, a gente continua precisando um dos outros para tudo dar certo. E o que resta a todos além de ficar em casa quem puder, é continuar torcendo para que tudo se resolva o mais rápido possível”

Sergio Soares - Comissário da PSP
“É a nossa função como polícias estarmos cá para servir o cidadão 24h por dia, 7 dias por semana, 365 dias por ano, com empenho, dedicação, altruísmo e abnegação, sempre em prol do cidadão.”

Diogo Preto - funcionário de higiene pública da Junta de Freguesia de Benfica
“Trabalhar nesta altura é poder ajudar o próximo e zelar pelos que estão em casa.”

Telmo Fernandes e Ismael Correia - funcionários de higiene pública da Junta de Freguesia de Benfica
“Temos de manter a cidade limpa.”

Sérgio Coelho e Emília Oliveira - agentes da Polícia Municipal
"Estamos na rua pela sua segurança e pela segurança de todos”

Tiago - guarda-freio da Carris
“Temos de trabalhar para levar as pessoas que precisam de ir trabalhar para os hospitais e para os outros trabalhos que não podem parar.”

Júlio Roseta - bombeiro sapador
“Protejam-se, cuidem-se, fiquem em casa, nós estamos cá para vos apoiar”.

Ricardo Sousa - motorista de matérias perigosas
“Nesta fase em que o país para, nós estamos de mãos dadas com a população, confiem em nós!”

Zélia Vila Flor - quiosque na Estrada de Benfica
“É a sobrevivência, para nós e para a nossa economia. Porque depois disto tudo vamos ter de renascer outra vez. É um risco vir trabalhar porque tenho dois meninos mas tem de ser.”

Américo Reis, funcionário de limpeza, aeroporto de Lisboa
“Eu não acho muito bem ter de trabalhar mas se não trabalhar não recebo…”

Maria de Lurdes Pestana - cozinheira no refeitório que a Junta de Freguesia tem para assegurar alimentação aos mais necessitados
“Estamos a ajudar os outros que precisam de nós, todos juntos somos mais fortes e vamos superar tudo e temos fé que vamos conseguir.”

Miguel - agricultor, Hortas da Cortesia, São João das Lampas
“Eu estou em casa. O trabalho é o mesmo mas a demanda é maior. As últimas duas semanas têm sido absurdas de procura o que acaba por ser bom para nós.”

Carlos Andorinha e Jorge Santos - coveiros, Cemitério Alto de São João
“O nosso trabalho até agora tem sido mais ou menos o normal, é o nosso dia a dia e estamos cá para isso. Não podemos contar só com os enfermeiros porque se também paramos aqui a coisa não vai ficar muito bem. Já nos organizámos e se for preciso já temos 3 equipas - para se a coisa piorar - estamos disponíveis para fazer 24h, esperemos que não, mas se for preciso estamos cá para isso.”

João Simões - coveiro, Cemitério Alto de São João
“Tenho noção dos perigos, custa-me chegar a casa onde tenho a minha família e saber que estive a enterrar pessoas possivelmente estavam infectadas. Mas tem de ser, tanto eu como meu colegas estamos cá para isso.”